quarta-feira, 12 de março de 2008

Carta aberta aos batráquios

Exmª senhora sapa,

É com algum pesar que acabo de ver que tenho uma bela multinha no pára-brisas do meu carro. Que júbilo... Sentiu-se bem ao pássá-la?! Gostou das coceguinhas que sentiu no dedo? Espero que sim! Espero que esteja radiante com tamanha felicidade que é multar quem trabalha, multar quem paga impostos atempadamente, multar quem ajuda velhinhos a atravessar a estrada. Que sensação, não é? Aposto que até lhe causa um arrepio na espinha...

Espero que sim, aliás, ACREDITO que sim! Porque ninguém pode ser residualmente feliz dentro de um fato verde desses. É que nem sequer é caqui, ou verde alface, tons que estão completamente na moda. É um verdão sem graça. Quase tão pouca graça como a sua profissão. Que maneira mais deslavada de ganhar o pão que come, não acha?! É que até a vida das profissionais nocturnas que povoam esta rua é mais animada que a sua. Roupa verdona, botas que fazem coram de vergonha ao lado das botas da tropa... e uma banana à cintura como só os parolos usam. Que vida insípida.

Um dia, os seus netos vão gostar muito de si, ah pois vão... mas calada, porque com essa vidinha de sapa não terá histórias de naves e aviões, princesas e fadas, para contar.

Que infelicidade de espírito e pobreza de alma... sua batráquia d'um c.....!

PS. - Só para que saiba, não voltei a pôr outro ticket no carro. Assim, como assim, de multada não passo, né?! Mais! A esta hora a multa amarelinha como a fome está a divertir-se numa animada orgia com pacotes de cereais e rolos de papel de cozinha no reciclão. Uma animação que vossa excelência nunca irá conhecer. Eventualmente só quando os sapos tiverem asas.

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