terça-feira, 23 de novembro de 2010

A cor dos empregos


A hora/o processo mais violento do dia é, quanto a mim, o acordar. É que o duro regresso à realidade não é só abrir os olhos. Tudo o que vem a seguir é de uma violência inenarrável: despir, apanhar um arrepio, vestir, afogar a cara, as mãos e o rabinho em água, escovar os dentes com afinco e os cabelos com a suavidade possível, para depois prender o molho de cabelos num saltitante rabo de cavalo, sem esquecer o lacinho que prende os cabelinhos que teimam em fugir para a testa.
Hoje de manhã, durante aquele ritual torturante, as filhas pediram-me:

- Mamã, compra-me um trabalho roxo.
- Mamã, compra-me um trabalho rosa.

A parte das cores do trabalho deixou-me baralhada. De resto, ainda estou tentar descodificar a mensagem. Hei-de lá chegar.
Quanto à parte de lhes comprar um emprego, não me fiz de rogada e, apesar dos seus inocentes 3 anos, expliquei que um emprego não se compra, conquista-se. Que é necessário ir à escola muitos dias, estudar muito e até deixar de ir aos baloiços para ficar em casa a ler os livros que a professora manda.
Depois da lição politicamente correcta fiquei a pensar... afinal, há mesmo empregos que os pais compram aos filhos. Ou, pelo menos, empregos que se compram.
Estou baralhada. Hesito quanto à forma de apresentar o mundo às minhas filhas.

1 comentário:

teardrop disse...

Roxo é a cor do meu curso e rosa a minha cor preferida :) Boas escolhas para cores de emprego!
Beijinhos